sexta-feira, 3 de julho de 2009

SALVAS POR UMA TEIA... (Conto Suspense)

Edymaris Rockfeller... Muito linda, garota de fino-trato, educação inglesa... Uma patricinha – garota mimada; cheia da grana – filha de ateus, conseqüentemente, atéia.
Eu, judia. Filha de judeus convertidos ao cristianismo protestante. De família rica – entendia-se o porquê, de Edymaris, apesar de arrogante, está sempre entre nós –, porém, uma coisa, intrigava à quem presenciava a nossa amizade: a impressionante diferença de crença religiosa.
O nome de Deus, sempre esteve bem presente na minha família. Quando eu falava Dele para Edy... Ela dizia: Ele não existe! Meus pais dizem sempre isto: “O homem passou por uma evolução, através do tempo”. Tudo isto é confirmado cientificamente, Jader. Não é como você diz! Não foi Deus que criou o homem não!
Estes, eram os poucos momentos que brigávamos, discutíamos... Porém, aos 12 e 13 anos de idade, logo esquecíamos tudo, e, fazíamos as pazes. Era o propósito de Deus: nos unir, para que Ele trabalhasse na fé de Edy, através da nossa amizade.
Certo dia, eu estava ajoelhada em oração... E, ao término, ela perguntou: - Como pode você crer tão ardentemente em um Deus, que você não vê?
– Olhei para ela com bastante calma, e lhe respondi perguntando: Você ver o vento?– Não! – Crer que ele existe?
– Claro! Eu o sinto, Jader.
–Sabe Edy... O homem tem de Deus, o que crer! Quem disse que eu não sinto Deus? Que todos quantos Nele crêm não o sentem? Ele é vivo! Deus cuida e responde aos seus filhos.
– O meu pai... diz que vocês são loucos e que não entende como é que vocês crêem em céu e inferno... Como é que o céu e o inferno suportam tanta gente, desde o início do mundo?
– Sabe o que acontece Edy? Seus pais vêem, com olhos humanos... Esquecendo que não é a matéria que vai para o céu ou para o hades. E, sim... o espírito e espírito não tem volume, não pesa!
– Eu gostaria de crer como vocês... Gostaria de ter uma resposta de Deus. Se é que Ele existe... Como você o diz! Então, eu creria...
– Está bem! Ele está à nos ouvir, bem sei! E irá te responder.
Passou um bom tempo. Chegou o período de férias e a nossa escola, foi acampar. O lugar era muito lindo... Havia muitas cachoeiras, um riacho lindíssimo, e cavernas esplendorosas, em meio à uma mata vasta... Um verde de tirar o fôlego!
Saímos naquela manhã, com um grupo rumo às grutas e cachoeiras. Quantas flores – do – campo... Um lindo tapete delas surgiu a nossa frente.
Uau! Que lindo! A adrenalina fez a euforia crescer em nós, ficamos pasmas com tamanha beleza. Corríamos pela mata para ver a beleza incessante... Infindável, inarrável! Não percebemos que o grupo afastou-se, e nós estávamos muito distantes, já não sabíamos como chegar a eles... Gritamos, choramos... Nada! Ninguém nos ouvia. Continuávamos a andar, a correr desesperadas, com a idéia, de que estávamos sozinhas. Cansadas... paramos e sentamos. Comecei à lembrar, que Deus estava bem presente, e que, Ele nos guardaria de todo o mal...Acalmei-me. Edy chorava baixinho, soluçava. Peguei-lhe as mãos e disse: -Lembra do meu Deus?
– Ela olhou-me com seus lindos olhos azuis e respondeu: Sim!
– Pois bem! Ele é muito maior do que todo o exército do mundo! Não estamos sós! Ele vai nos tirar dessa! Pois, maior número é dos que estão conosco, do que com eles, creia!
Ouvimos longe, muito longe, cachorros – de – caça à latir...
-Que bom! Vamos até eles! E Edy me puxava pela mão com força, para que eu me levantasse e a seguisse. Quando lá chegamos, dois homens com aparência de maus, nos olharam e sorriram.
– Que presente do céu!Uma semana na mata, e agora... Vamos à diversão!
-Meu Deeus! - Gritei! Coorre Edy!
-Ainda ouvi um dos homens dizer: - Solta os cachorros!
– Não! Deixa amarrados, elas não irão muito longe!
-Corríamos como se tivéssemos asas nos pés. Não sentíamos os galhos das árvores que batendo em nós, abriam à nossa pele, os espinhos, as toras de madeiras, caídas ao chão... pulávamos todas, como se estivéssemos em uma maratona...O fôlego não nos faltava. Eu à frente, guiando a Edy.Distanciamos-nos muitíssimo deles. De repente, em meio à desembalada carreira, despencamos barranco abaixo... Deus estava despistando os homens. Um deles era gordo, não corria como nós, e o outro mais ágil, dizia: - Devíamos ter trazido os cães!
Não tínhamos idéia de onde estávamos... Só, que, apesar do dia claro, a mata parecia noite... Pouca era a claridade aqui e acolá.
Vimos uma brecha entre as pedras... Entramos! Era uma caverna. Lá ficamos quietas... Eu orava todo o tempo! E dizia: Não chore Edy! Pode ser que eles estejam por perto e poderão ouvir. Isto fazia com que Edy calasse. De repente, ouvimos longe... Muito longe os cachorros latirem...
– Deus! Meu Deus... eles foram pegar os cachorros! E agora? Vão nos farejar!Coloquei-me de joelhos. Comecei a chorar em fervorosa oração... De olhos fechados, não sei por quanto tempo, a cada vez que os latidos ficavam mais próximos, mais eu apertava os olhos, esqueci até de Edy, não lhe ouvia a voz, nem lhe podia ver...
Os cachorros tinham passado pela estreita brecha de pedra, que, servia de corredor para a entrada da caverna. E agora... frente a caverna, estavam parados a latir fortemente, esperando os seus donos chegarem. Não tínhamos como escapar, só Deus! O Deus invisível, que Edy pediu uma prova de sua existência, para que ela pudesse crer! Finalmente... Os homens chegaram. E o homem gordo, disse: Estão escondidas nas pedras, não posso passar! Pegue-as!Apesar da minha fé... Eu tremia! E continuava de olhos fechados orando, eu não queria vê-los!Foi quando ouvimos o outro homem dizer: - Não estão aqui! Estes cachorros estão loucos, perderam o faro! A caverna está coberta por uma grande teia de aranha... Se elas estivessem aí... não haveriam teias!
– Onde se meteram as coelhinhas?Um reclamava com o outro dizendo: - Foi sua culpa! Você me fez voltar para pegar esses cães idiotas!
– Foi você, com esse barrigão...Abri os olhos, e lá estava Edy... Ajoelhada e em lágrimas silenciosas, orando e agradecendo à Deus!Olhou para mim e falou: – Jader... Deus existe! Abraçadas saímos para ver o milagre de Deus: Uma enorme teia de aranha fechava toda a entrada da caverna, e lá estava ela... Continuando à construir a sua grande obra, para a glória de Deus!
O grupo nos procurava, e logo ouvimos os nossos colegas, chamando por nossos nomes e batendo as latas, para que ouvíssemos... Seguimos os sons... Estávamos salvas!

EstherRogessi.Conto Suspense:Salvas por uma Teia..., Categoria:Narrativa.02/07/09.Copyright.
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Baronesa da Gothia Rogessi de A. Mendes (EstherRogessi). Pernambucana, outorgada com Título Nobiliárquico - Alta Insígnia BARONESA DA GOTHIA da Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente, DAMA COMENDADORA da Real Ordem dos Cavaleiros e Damas Rei Ramiro de Leão. Comendadora pelo CONINTER ARTES.. Escritora UBE/SP; Embaixadora da Paz (FEBACLA); Artista plástica, Membro Correspondente de várias Academias de Letras e Artes Nacionais e Internacionais. Consulesa e Comendadora. Tem escritos publicados em Antologias e Revistas Virtuais, no Brasil e exterior. Publicou o seu primeiro livro solo, pela Editora Literarte intitulado "Conflitos de uma alma" Romance ISBN 978-8-5835200-8-5 EstherRogessi recebeu várias premiações nacionais e internacionais.