FATOS QUE FAZEM A DIFERENÇA
Parece-me que foi ontem... Revivo lembranças de pequeníssimas coisas; acontecimentos do meu cotidiano em família que o tempo, não apagou. Fotos que me trazem à memória, alguns fatos do meu passado... Sou álbum vivo!
Lembro-me da minha primeira cartilha colorida, com animais e nomes em letras garrafais; meu primeiro talher, a minha primeira caneta tinteiro, presentes do meu pai.
A minha professora, muito brava! Temida por todos. A solteirona, de nome, Alzira. De quadris muito largos. Usava vestidos de saia godê, cintura marcada, por um cinto muito apertado e fino, que fazia os seus quadris saltarem... Eu me perdia em pensamentos... olhando-a e me perguntando: – Como pode essa cintura ser tão fina e essa bunda tão grande?
Ao invés de fazer os meus deveres de classe, desenhava o que eu chamava de professora Alzira... E, caprichava na bunda.
Certa vez, ao desenhar aquele corpo intrigante percebi, alguém bem coladinha as minhas costas... Arrepiei-me, da cabeça aos pés... a 'própria' observava o que eu fazia. Bateu na minha carteira, com à sua régua de madeira...enoorme!
– Ah, lhe peguei!
Gritou, irritada.
– É esse o seu dever?
Fiquei petrificada! Colocou-me em pé, cheirando à parede, até o final das aulas. Quando a mamãe chegou... “a quartuda” contou tudo!
A mamãe, muito brava, perguntou-me: – O que você estava fazendo menina? Respondi-lhe: –A professora, mamãe... Estiquei o braço entregando o desenho da malvada professora, para à minha mãe.
Pensei: – Agora, vou apanhar!
Surpresa! Vi a mamãe sorrir, sorrir, dobrar-se sobre a própria barriga, quase perdendo o fôlego, de tanto rir... E, cada vez que olhava a minha obra de arte, voltava a sorrir. Até chegarmos em casa, aqui, acolá... mamãe sorria, sorria, e eu não entendia nada!
Quantas lembranças boas...
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