- estrangeira e brasileira - e, a corajosa “ARTE QUEER.”
Surge um texto maravilhoso da “Contemporânea Adélia Prado.” Alguém começa a declamá-lo com muita propriedade...
CASAMENTO
(Adélia Prado)
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
Mas que limpe os peixes.
Eu Não. A qualquer hora da noite me levanto,
Ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
De vez em quando os cotovelos se esbarram,
Ele fala coisas como “este foi difícil”
Prateou no ar dando rabanadas
E fez o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos pela primeira vez
Atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
Somos noivo e noiva.
– Bem, daí por diante, foram várias às interpretações. Percebi a verdade contida na minha frase: “Cada um dá o que tem e recebe com o coração que tem. ” Pasmei! Alguém se fez ouvir:
– “Essa mulher precisa acordar!”
– E, a turma do “Maria vai com as outras,” ratificou a equivocada análise. Ouvi ainda:
– “...E, depois de limpar os peixes, ainda foram pra cama...”
– Foi quando um Dr. em Literatura ressaltou um fato conhecido por quem - da mesma forma que eu - admira Adélia Prado e, sabe muito bem, não ser ela “Amélia.” Disse o poeta, o doutor: “ É preciso que saibamos que a literatura de Adélia Prado é centrada na sua fé, ela é cristã confessa!”
– A que ponto chegamos!
Quanta confusão nas mentes tidas por literatas.
O contexto do poema de Adélia, nada tem a ver com Deus e, tudo tem a ver, à partir da premissa de que, “Toda boa dádiva, todo dom perfeito, vem do alto do Pai das luzes, onde não há sombra nem variação.” Bíblia Sagrada
–Como aceitar o casamento, como que, uma “instituição falida,” onde cada qual, deva transformar a própria “independência” em arrogante individualismo e auto-suficiência em todos os sentidos - descartando a idéia de companheirismo e de cumplicidade - comumente existente, não só no casamento, porém, em toda boa relação - enquanto essa existe?
Analisando o contexto poético de Adélia chego à conclusão lógica de que, primeiramente, de forma sutil, ela critica a mulher e esposa que não sabe ser companheira, partícipe e cúmplice de todos os momentos comuns, do /ou com o seu cônjuge; com a mesma sutileza dá a receita para uma relação duradoura e feliz: companheirismo, respeito mútuo pois, “acabou o respeito, acabou o amor.” O amor foi e será sempre, tal qual, uma plantinha que precisa ser regada e cuidada diariamente.
Sejamos femininas mesmo sendo feministas.
A fêmea seduz, joga com sutileza, mestria, candura, se compraz em ser possuída e deixando-se possuir...Possui!
Lida bem com política, causas sociais, cheiro de peixe... Sabe ser isca e anzol; sejamos Adélias e Amélias...
Femininas e feministas!
EstherRogessi.Escritora UBE.Mat.3963.Analiticamente Falando.Imagens Web. Arte By Estherrogessi.22/09/10.

This obra by Attribute work to name is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License</</body>
Um comentário:
Esther,
Sou a Solange do Portal, ou melhor dizendo, a "notívaga" que trabalha sua imaginação no silencio da madrugada e descansa seu corpo com o barulho das buzinas dos carros, do latido dos cães no prédio, das vozes humanas que circulam pela rua...
Bem, respondi um verdadeiro "testamento" no seu texto: "Analiticamente Falando", com a grande personalidade da Amália Prado, no Portal, esperando que você compreenda minha postura e desabafo ao comentário.
Adorei seu Blog e me cadastrei nele para segui-la sempre que o tempo me permitir. Também, tenho o meu que é: Compartilhando Saberes(http://solangegomes1hotmail.blogspot.com/), onde a base principal dos textos estão todos direcionados aos processos educacionais. Muito me honraria com sua visita, assim como outros colegas por lá passaram e deixaram seu retratinho.
Desejo muita Luz e Paz na sua estrada de escritora e de pessoa humana.
Beijos,
Solange.
Postar um comentário