(Verso,reverso, controverso...)
No fértil prado de Adélia verde grama encontrei.
Nele me encontro é o meu prazer diário...
Concisa do existir d’uma Amélia de verdade
diz o compositor, que por amar, se anulou...
O ‘controverso’ desse verso encontrei
No prado de Adélia Prado...
Em prados de grama-seca, vi o anti-social
O viver..., vida anormal em favelas e no gueto
Barraco por eles feitos -prática do diário-,
Jornais, plásticos, paus... fogo aceso com graveto
Lembro da Adélia artista, estruturação realista
Na Briga..., em outro beco:
BRIGA NO BECO
Adélia Prado
Encontrei meu marido às três horas da tarde
com uma loura oxidada.
Tomavam guaraná e riam, os desavergonhados.
Ataquei-os por trás com mãos e palavras
que nunca suspeitei conhecer.
Voaram três dentes e gritei, esmurrei-os e gritei,
gritei meu urro, a torrente de impropérios.
Ajuntou gente, escureceu o sol,
a poeira adensou como cortina.
Ele me pegava nos braços, nas pernas, na cintura,
sem me reter, peixe-piranha, bicho pior,
[fêmea-ofendida,
uivava.
Gritei, gritei, gritei, até a cratera exaurir-se.
Quando não pude mais fiquei rígida,
as mãos na garganta dele, nós dois petrificados,
eu sem tocar o chão. Quando abri os olhos,
as mulheres abriam alas, me tocando, me pedindo
[ graças.
Desde então faço milagres.
De Bagagem (1976)
Adélia Prado. Poesia Reunida. Ed. Siciliano, 10a. ed., São Paulo, 2001
EstherRogessi, O Prado de Adélia, Inspirado no Poema BRIGA NO BECO ( Adélia Prado). 28/01/10

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