Quanto se fala a respeito do que escreve, poderia dizer do escritor, mas após ter participado de um conceituado encontro literário, de âmbito internacional, onde tive a oportunidade de ouvir, mais que falar, e isso foi muito bom, fiquei a lembrar e não mais esquecerei, de certa palestrante que fez o seguinte questionamento: – Você se considera escritor, ou escrevente?
Ficou claro o denodo de desmerecimento ao que escreve, com paixão, mas que é anônimo, e pouco experiente.
Desse constrangedor questionamento -¹o meu posicionamento era o de palestrante convidada -, infelizmente aplaudido por muitos – a palestrante tem fama – , escrevi: “A linha escrita por famoso é obra literária; a obra literária escrita por anônimo é alinhavo.”
Nas minhas andanças primo pela observância – fonte dos meus escritos; aprendi a ser aberta para o aprendizado; cada experiência passada, boa ou má, acresce o meu conhecimento, dignifica o meu espírito.
Escrevente é o que copia a escrita; é um escriturário, tem a ver com cartórios e repartições jurídicas; é o que lavra escrituras, procurações e contratos.
O que escreve, o que expõe os seus sentires, de forma erudita, ou em linguagem simples, coloquial, é um escritor. Mesmo que não domine a língua pátria é um escritor, até então, fiel as suas raízes; não sepultou a sua história, os usos e costumes do seu povo, o seu sotaque, temendo a discriminação dos que se julgam eruditos, e palestram para mestres, sem a mínima preocupação de se fazerem entender, por todos.
Os menos favorecidos, os quase incultos, mas ávidos pela cultura, pela Literatura saem das palestras literárias, com a sensação de serem estrangeiros na própria pátria.
Alguns escritores de renome, não cursaram faculdades, mas alcançaram o reconhecimento público, pela beleza existente na simplicidade da exposição dos seus sentires.
O tempo aperfeiçoa; não matemos os pequenos, para não perdemos os gigantes de amanhã.
¹-o meu posicionamento era o de palestrante convidada- primo por boa formação intelectual,acadêmica, etc.; esmero na escrita e,boa fluência da língua pátria, porém inquietá-me o menosprezo pelos simples; pelos iniciantes, que devem ser respeitados e honrados, incentivados a prosseguirem; livres do constrangimento causado, por quem conseguiu chegar alto, por quem levanta voos, sem se importarem, se arremetem alguém para o fundo,quando na busca de alcançar às alturas.
EstherRogessi, Crônica: Escritor ou escrevente?, Recife, 17/07/13
O trabalho Escritor ou escrevente? de EstherRogessi foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Um comentário:
Não importa, para o espirito do poeta, a situação acadêmica do homem. O poeta escreve o que a alma lhe dita. Os possíveis erros ortográficos ou de concordância, para os poetas que não frequentaram escola, passam a ser uma dádiva, pois que ainda assim, conseguem expor seus sentimentos, com delicadeza, suavidade e legitimidade de uma alma sensível.
Postar um comentário